Lançado Projeto de Café Socio-Filosófico no CEP
CAFÉ SOCIO-FILOSÓFICO
As coordenações de Filosofia e Sociologia juntamente com Grêmio apresentam ao público o Projeto Café Socio-Filosófico. Serão 7 encontros durante o ano, na 2ª e 3ª aula da penúltima terça feira de cada mês. Os alunos terão liberação do setor pedagógico para participar do projeto nesses dias. Para cada encontro teremos um convidado especialista no assunto, professor ou pesquisador para realização de palestra seguida de debate!
PROJETO: CAFÉ SOCIOFILOSÓFICO
PROPONENTES: Coordenação de Filosofia e Sociologia e Grêmio estudantil do Colégio Estadual do Paraná
PÚBLICO A QUEM SE DESTINA: Professores do Colégio Estadual do Paraná e Estudantes do Ensino Médio representantes de turma
OBJETIVO GERAL: O Café Sociofilosófico tem como objetivo desenvolver debates a partir de temáticas das disciplinas de Sociologia e Filosofia que possibilitem ao professor/a e estudante do ensino médio a compreensão de suas relações com a sociedade, o desenvolvimento do pensamento reflexivo e do pensar sociológico acerca de questões pertinentes ao seu cotidiano, relacionadas com textos clássicos da Filosofia e Sociologia.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Possibilitar uma efetiva contribuição da Sociologia e da Filosofia à formação dos professores/as e estudantes do Ensino Médio;
Estimular o desenvolvimento do espírito crítico e dialógico entre os estudantes e professores;
Desenvolver o interesse pela leitura e produção de textos filosóficos e sociológicos, bem como de realizar diálogo Sócio-filosófico investigativo;
Vivenciar o questionamento, a investigação de conceitos e a criação de novas possibilidades de pensar por meio da prática coletiva de filosofar;
Construir um espaço favorável para uma postura filosofante individual e coletivamente;
Promover a interface entre a Filosofia e a Sociologia e as outras formas do conhecimento;
Promover a integração entre os estudantes e os professores participantes;
JUSTIFICATIVA:
A promulgação da Lei[1]11.684/08, que tornou obrigatória a presença da disciplina de Filosofia e Sociologia no Ensino Médio, decorre de um posicionamento político pedagógico que visa uma formação diferente da implantada durante a ditadura militar[2] e na qual se buscava construir um modelo educacional fundamentalmente instrumental, de caráter profissionalizante, em detrimento das humanidades. O que se buscava, naquele momento histórico, era um tipo de educação voltada ao mercado de trabalho, à formação de mão-de-obra barata e não uma educação voltada para a formação do pensamento, da sensibilidade e da reflexão. De qualquer modo, isso não significa que nos dias atuais não tenhamos a perspectiva de uma educação definida pelo sistema produtivo.
A inserção da disciplina de Filosofia e de Sociologia na matriz curricular do Ensino Médio é fruto de uma longa reivindicação dos educadores e da sociedade brasileira, uma vez que a implementação desta pressupõe a tendência de se superar uma educação tecnicista e instaurar um espaço privilegiado de reflexão e debate em torno do sentido do saber escolar e das instituições educacionais. Claro que este posicionamento compreende que o papel da Filosofia e da Sociologia não é messiânico, de salvação da educação e sim, conforme atesta Antonio J. Severino (2009, p. 18):
[...] a Filosofia no ensino médio tem um papel e uma responsabilidade, no que concerne à formação, análogos aos de todas as outras disciplinas e depende, tanto quanto as demais, do contexto cultural da escola e da sociedade.
Muitos são os argumentos utilizados para a implementação da Lei 11.684/08 e, em consequência, para a legitimação[3]da Filosofia nos currículos do Ensino Médio. Segundo as Diretrizes Curriculares de Filosofia do Estado do Paraná (DCE, 2008), a disciplina de Filosofia oferece alguns instrumentos conceituais e teóricos fundamentais para a compreensão da complexidade da sociedade atual, de suas relações de trabalho e do papel de cada um nesse contexto multifacetado (PARANÁ, 2008). A inserção da Filosofia no currículo do Ensino Médio oferece a possibilidade de outras disciplinas (Química, Física, História, Matemática, Língua Portuguesa etc) repensarem sua própria orientação e o papel que cumprem no currículo e na formação dos estudantes do Ensino Médio.
O Café Sociofilosófico foi elaborado a partir da perspectiva de que as questões filosóficas e sociológicas estão presentes na vida de todas as pessoas. Porém, tais questões necessitam, tal como o trabalho em sala de aula, de um cuidado para não serem suprimidas sem a devida atenção do nosso cotidiano e/ou tratadas de forma superficial. Busca-se com o Café Sociofilosófico a construção, a partir do estudo, da interlocução, da reflexão, da interação e participação dos colaboradores o desenvolvimento do espírito crítico. Tendo como fundamento o trabalho pedagógico com a Filosofia e a Sociologia no Ensino Médio, a proposta pedagógica do Café Sociofilosófico, pode se constituir numa mediação agregadora dos interesses de estudantes e professores, fortalecendo e contribuindo com o processo de ensino e aprendizagem que ocorre nas aulas de Filosofia e Sociologia do Colégio Estadual do Paraná.
METODOLOGIA:
O Cafésociofilosófico será realizado de forma interdisciplinar tendo como referência os conteúdos estruturantes de Filosofia e Sociologia e nesse sentido tratarão de questões que permeiam as duas disciplinas, principalmente a ética, a política e a cultura;
Os encontros ocorrerão na 2ª e 3ª aula da terça-feira da penúltima semana de cada mês;
Em cada encontro – 7 ao todo – teremos um convidado especialista no assunto que proferirá uma palestra e posteriormente abrirá para o debate;
CRONOGRAMA (ORGANIZAR)
Abril – 19 - Ricardo
Maio – 24 -
Junho - 21
Agosto - 16
Setembro - 20
Outubro - 18
Novembro – 22
REFERÊNCIAS
PARANÁ. Diretriz Curricular de Filosofia para a Educação Básica, Curitiba. 2008.
SEVERINO, A. J. Como ler um texto de filosofia. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2009.
TRENTIN, R; GOTO R. (Org.) A filosofia e seu ensino Caminhos e sentidos. São Paulo: Loyola, 2009.
VIEIRA, W. J. O Ensino de Filosofia e o uso do texto clásico de Filosofia: análise a partir das escolas públicas paranaenses de ensino médio. 213 f. Dissertação (Mestrado em Educação), Setor de Educação, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012.
Notas de rodapé:
[1]Lei 11.684, de 02 de junho de 2.008. A lei alterou o artigo 36 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1.996. Importante ressaltar que caberia às Secretarias de Educação de cada estado medidas para a implementação das disciplinas de Filosofia e Sociologia no currículo. No Estado do Paraná, as disciplinas de Filosofia e Sociologia foram implementadas segundo a Deliberação 03/08 do Conselho Estadual de Educação, que determinava a progressiva introdução das mesmas no Ensino Médio. Em 2009, no mínimo em uma série, em 2010, em duas, em 2011, nas três séries do Ensino Médio e em 2012, no Curso Técnico (nas quatro séries dos cursos de ensino médio com quatro anos de duração).
[2] Conforme Trentin e Goto (2009, p. 74-75) “[...] independentemente de ter ou não o ensino de filosofia uma natureza crítica ou subversiva, havia pelo menos a compreensão, por parte do Estado, de que a disciplina não se prestaria muito facilmente à função de doutrinação, de inculcação dos valores da DSND (Doutrina de Segurança Nacional e Desenvolvimento). Além disso, seria difícil imaginar uma convivência pacífica entre a Filosofia e essas disciplinas doutrinárias. Em algum momento do processo pedagógico, os conteúdos e as práticas dos respectivos professores acabariam por se sobrepor, podendo gerar nos alunos um princípio de questionamento, de dúvida, de reflexão, o que de modo algum seria desejável.”
[3]Importante salientar que a obrigatoriedade da filosofia, sua inserção no currículo ao lado das demais disciplinas não garante um efetivo ensino de filosofia. Existem grandes desafios a serem enfrentados e os principais estão relacionados aos pressupostos metodológicos, aos conteúdos a serem ensinados e à avaliação. É preciso, conforme afirma Horn (2000, p. 197) “[...] pensar esta disciplina viabilizando seu espaço próprio, ou seja, inventando um espaço para ela. Pode-se dizer que ela tem um espaço legal, mas que não é legítimo, pois não conseguiu ainda legitimar esse espaço na prática escolar brasileira.” Segundo o Guia de Livros Didáticos (2011, p. 08) “[...] a conquista deste espaço traz a responsabilidade para qualificá-lo e estruturá-lo da forma mais adequada às necessidades de formação dos jovens. Estes primeiros anos de consolidação do ensino de filosofia merecem um cuidado muito especial por parte de todos os atores neste envolvidos. Trata-se aqui, basicamente, de reiniciar a construção de uma tradição de didática da filosofia e da definição de um perfil geral de trabalho que esteja à altura dos desafios de sua história e dimensão atual.”